Empresas enfrentam escassez de mão de obra e voltam os olhos para profissionais acima de 50 anos

Com dificuldades para contratar, setores redescobrem experiência e comprometimento de trabalhadores mais velhos.

Diante de uma crescente escassez de mão de obra qualificada, empresas de diversos setores têm intensificado a contratação de profissionais com mais de 50 anos. Antes preteridos em processos seletivos, esses trabalhadores agora estão sendo vistos como soluções viáveis e estratégicas para suprir lacunas no mercado de trabalho.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 30 milhões de pessoas com 50 anos ou mais em idade economicamente ativa. Apesar disso, muitos enfrentam dificuldade para se recolocar por conta de estigmas relacionados à idade. No entanto, esse cenário começa a mudar.

Segundo especialistas em Recursos Humanos, a escassez de mão de obra — especialmente em áreas como logística, comércio, construção civil e serviços — tem levado empresas a repensarem critérios de contratação. “A experiência, estabilidade emocional e responsabilidade são atributos muito presentes nos trabalhadores acima dos 50 anos. Muitos empregadores estão percebendo isso com mais clareza agora”, afirma a consultora de carreira Amanda Ribeiro.

Em cidades de médio porte, como Colatina, no Espírito Santo, empresas do setor têxtil e alimentício já demonstram interesse crescente nesse perfil. “Estamos com dificuldade para encontrar jovens dispostos a permanecer no mesmo emprego por muito tempo. Já os profissionais mais velhos mostram mais compromisso e responsabilidade”, diz João Marcos Bastos, gerente de produção de uma indústria local.

O movimento também é observado em plataformas de emprego. O número de candidatos com mais de 50 anos cadastrados cresceu 22% nos últimos 12 meses, e algumas agências de recrutamento têm criado programas específicos para essa faixa etária, como o “+50 Ativo”, que oferece preparação e recolocação profissional para esse público.

Para Maria Tereza Souza, de 58 anos, a oportunidade de retornar ao mercado após cinco anos fora foi um alívio. “Achei que nunca mais ia ser chamada. Mas agora trabalho com carteira assinada e me sinto valorizada pela minha experiência”, conta ela, contratada recentemente como assistente administrativa.

A tendência deve se intensificar nos próximos anos, já que o envelhecimento da população brasileira é inevitável. O desafio agora está em vencer preconceitos e adaptar ambientes de trabalho para acolher uma força de trabalho mais madura — que, em muitos casos, tem muito a ensinar.

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